O sucesso da Visteon explicada pelo lado da gestão de pessoas
A Visteon faz parte das dez maiores exportadoras portuguesas, apesar de nem todas as pessoas a conhecerem. Em Palmela, além da fábrica onde são desenvolvidas as soluções para a eletrónica do cockpit dos automóveis, a Visteon conta com uma Unidade de Protótipos e o Centro de Negócios de Funções Corporativas.
Fomos conhecer, pelo lado da gestão de recursos humanos, como se gere e atrai o capital humano para esta organização que impacta de forma decisiva a economia nacional. Falamos com o Diretor de Recursos Humanos, Ricardo Mergulhão.
Quais são as principais áreas atualmente da Visteon em Portugal?
A Visteon é uma multinacional norte americana que em Portugal desenvolve soluções para a eletrónica do cockpit dos automóveis — a fábrica faz 30 anos em território nacional, tendo também uma unidade de protótipos que serve o mercado europeu e um Centro de Negócios de Funções Corporativas. Estas três áreas de negócio empregam 1100 pessoas.
Olhando para a área de atração de talento, como é realizado o processo de seleção?
Podemos separar em 3 grandes eixos. O 1º passa pelo reforço do Employer Branding, pois a Visteon tem um potencial tremendo para atrair candidatos. Temos estado presentes nos fóruns universitários, nos socialmedia — com destaque do linkedin — e estamos a procurar entrar em comunidades tecnológicas para reforçar a nossa notoriedade de marca.
Em termos do processo consiste em entrevistas estruturadas, sendo que numa 1ª fase centramo-nos na exploração do perfil profissional e motivações de carreira, numa 2ª fase centramo-nos mais nas competências técnicas e comportamentais. Numa fase final podemos desafiar os candidatos a apresentar business cases ou casos práticos.
O 3ª eixo consiste no onboarding. Acreditamos que há coisas interessantes ainda a fazer, além das boas práticas que já realizamos. Entre o tour pela fábrica, presentes de boas vindas, apresentação aos interlocutores chave, ou a alocação de um “buddy”. Temos também um acompanhamento regular ao final de uma semana, um mês, para perceber como as coisas estão a correr com o colaborador.
Quais são as competências comportamentais mais valorizadas?
A Visteon tem um perfil de competências mais transversal que integra áreas como a visão, a integridade, a humildade, o otimismo, e o que chamamos de coragem. Estas competências estão associadas a perfis de liderança que nós segmentamos com comportamentos mais específicos consoante a pessoa se esteja a candidatar a um cargo de liderança.
Logo no início há um percursor de competências de liderança que é feito tendo esta matriz transversal. Depois com as discussões que temos com os Line Managers muitas vezes aprofundamos ou especificamos determinados pontos dentro destas competências ou em complementaridade. Exemplo disso são a resiliência ou a flexibilidade para gerir mudanças que normalmente são competências aferidas nas nossas entrevistas.
Estas competências transversais revelam o que é a Cultura do grupo Visteon…
Eu diria que estas competências transversais são competências do grupo Visteon que nós depois localmente também adaptamos. Culturalmente, em termos locais há também uma realidade que é bastante própria, tendo partes da multinacional e outras partes locais que advém do histórico que se foi construindo. A cultura da Visteon é informal e exigente, há uma proximidade entre as pessoas sem grande demarcação hierárquica e com espírito de compromisso.
Quais são as funções têm recrutado?
O recrutamento tem sido bastante dinâmico, quer para a fábrica quer para o Cento Corporate.
Para a fábrica falamos de perfis de engenharia eletrotécnica, mecânica e gestão industrial, que pela sua transversalidade são normalmente colocados em posições dentro da manufatura, nas áreas de engenharia, nas áreas de injeção de plásticos e moldes. Temos também outras funções mais na área da logística, com engenharia e gestão industrial, e nas áreas de suporte ( finanças e recursos humanos ) onde os cursos de gestão são mais valorizados.
Para o centro de negócios, as funções vão desde as compras, qualidade, IT, auditoria interna, contabilidade e finanças, com um grande abrangência do número de perfis.
A Visteon tem uma proposta de valor transversal para todas estas áreas, ou faz mais sentido segmentar consoante o target que está a recrutar?
Podemos dizer que é um misto. Existem aspetos transversais da proposta de valor que podem ser apresentados, como seja o facto de trabalhar numa multinacional com uma grande solidez, onde a tecnologia faz parte do dia a dia, e onde se pode trabalhar num ambiente multicultural, com reais perspetivas de evolução na carreira. Esta é uma primeira base da proposta de valor transversal. Depois, segmentado por áreas, o Centro Corporate é mais propenso a carreiras internacionais, sendo que na fábrica a proposta de valor centra-se na parte da tecnologia, e na possibilidade de operacionalização dessa tecnologia no desenvolvimento concreto de soluções.
Qual impacto da Responsabilidade Social no posicionamento da Visteon como entidade empregadora?
A nossa proposta de valor passa por uma responsabilidade social grande, em diferentes vertentes. No ambiente temos mecanismos e iniciativas que promovem uma fábrica verde, na gestão do desperdício, gestão da energia, no controlo dos recursos. Procuramos ter uma relação estreita com a comunidade, somos mecenas da Câmara Municipal de Palmela, trabalhamos com várias instituições do município que ajudam pessoas desfavorecidas e procuramos também envolver os colaboradores nessa participação. Acrescentaria também que a responsabilidade social da Visteon é também um pilar importante na sua proposta de valor e no seu employer branding.